
Autor:
Laerte Pedroso de Paula Júnior
Título:
Entre as histórias de pescador e a ciência do curso técnico em recursos pesqueiros: Encontros transdisciplinares em Manacapuru
Formação:
Programa de Pós-Graduação em Educação Agrícola pelo Instituto de Agronomia UFRRJ
Orientadoras:
Drª Simone Batista da Silva
Publicação:
Seropédica, RJ, Setembro de 2019
Resumo:
Desde que se adotou o paradigma cartesiano de produção científica nas sociedades ocidentais, o conhecimento acadêmico científico vem mantendo um status de mais importante e verdadeiro, ao passo que saberes de comunidades locais vem sendo relegados a planos inferiores, como os das comunidades ribeirinhas. Desde o modelo cartesiano de escola os conteúdos sistematizados vêm sendo trabalhados nas diversas áreas altamente especializadas que, muitas vezes, não se comunicam entre si. Uma consequência desse modelo é que o discente em sala de aula aprende os mais diversos conteúdos sem perceber como eles se relacionam. O presente trabalho buscou investigar que produções de conhecimento poderiam surgir ao se entrelaçar o conhecimento produzido no IFAM Manacapuru no curso de Técnico em Recursos Pesqueiros com o conhecimento dos pescadores artesanais da cidade. Como metodologia de trabalho, foram usadas as técnicas de História Oral, com encontros entre os discentes do curso e os pescadores da comunidade urbana da cidade. Nesses encontros, os discentes se colocaram na posição de pesquisadores, deslocando-se da passividade dos bancos escolares que, no modelo tradicional de ensino, são o local de receber o conhecimento como se estivesse pronto. Assim, o objetivo geral dessa pesquisa foi investigar como os encontros entre estudantes e pescadores poderiam ser mecanismo de produção de conhecimento mais ampliado para ambos os sujeitos da investigação (discentes e pescadores artesanais), tendo o docente-pesquisador apenas como orientador do processo. Esta investigação teve a proposta de buscar a construção de um conhecimento transdisciplinar tanto para pescadores quanto para estudantes-pesquisadores, assim como para o docente-pesquisador. Foi possível concluir que os discentes se portaram como agentes ativos na produção do conhecimento e atuaram sem hierarquização de saberes, percebendo no outro a importância social, ao passo que os pescadores manifestaram satisfação em serem valorizados por sua história de vida.
Palavras-chave:
Protagonismo Discente; Conhecimento Transdisciplinar; Prática Pedagógica.
Referencial teórico – Algumas abordagens sobre a história e memória da EPT
No Brasil, dos séculos XIX e meados do século XX, havia a preocupação em dar instrução focada em dois níveis distintos de sociedade: a classe dominante e os chamados “desfavorecidos da fortuna”. Para os primeiros era destinada uma formação intelectual que preparava para estudos superiores e formava classes dirigentes, para os segundos era destinada uma educação técnica para formação de mão-de-obra barata, ou seja, para atender uma demanda capitalista conforme o decreto Decreto n.º 7.566, de 23 de setembro de 1909 […] (p.19).
O supracitado decreto foi lançado no governo do presidente Nilo Peçanha (1909 – 1910) e é considerado o marco inicial da educação profissional no Brasil. […] Na década de 1970 teremos em voga o modelo tecnicista de educação […] (p.19).
Nesse processo, tanto o discente quanto o docente, tinham caráter secundário, privilegiava-se a técnica, diferente da educação em linha tradicional, na qual o docente tem o papel preponderante no processo de ensino-aprendizagem. Os docentes seguiriam manuais produzidos por especialistas, e sua relação com o discente estava pautada pelas regras dos manuais (SAVIANI, 2008) – tudo em nome da eficiência e produtividade. O Brasil vivia o chamado “milagre econômico” (1969 -1973), um grande aumento na produtividade industrial, e necessitava cada vez mais de mão-de-obra qualificada para operar as máquinas. (p.20).
Nessa lógica capitalista de modelo educacional burguês era quase um favor para os pobres e desvalidos de fortuna a oferta de uma educação que não auxiliava na formação crítica, apenas técnica, um treinamento para executar simples tarefas. (p.20).
Na atualidade o ensino técnico ofertado pelos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, possui um viés diferenciado. (p.20).
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